Reportagem transcrita do diário "Extra" deste 05 de Julho de 2012.
O fato acontece na Federação Estadual!!!!
Educadores: Estamos no caminho certo?
Terreno para semear a educação, as categorias amadoras estão na base das distorções do futebol brasileiro. Debaixo da fraldinha, categoria sub-9 do futsal, surge o mal cheiro que contamina disputas de gente grande. Eliminado pelo Flamengo na semifinal do Carioca há uma semana, o Fluminense deu início à operação para provar que um dos jogadores rivais foi inscrito com documento falso que lhe adulterava a idade em dois anos. Enquanto espera pelo julgamento do seu recurso à federação, o tricolor entrou com ação na Justiça para impedir a conclusão do torneio sem a sua presença na final.
— Estamos tranquilos porque o documento do nosso jogador é original. O Fluminense também tem alguns atletas maiores que os outros em várias categorias e nem por isso estão irregulares — disse o coordenador do futsal do Flamengo, Luiz Antônio Torres.
Durante o jogo em que o Flamengo perdeu por 4 a 2, mas avançou com vitória simples na prorrogação, pais, dirigentes e integrantes da comissão técnica tricolor já comentavam que um dos atletas rubro-negros ia além dos limites da categoria. Numa diligência posterior, o Fluminense obteve o registro que comprovaria a idade de 11 anos.
— Conseguimos a certidão a partir do hospital onde o menino nasceu. Nosso advogado já entrou com mandado de segurança — disse Jorge Macedo, coordenador das divisões de base do futsal tricolor.
Sob gritos e pulso forte
Em meio à discussão, o campeonato seguiu com empate em 1 a 1 entre Flamengo e Vasco no primeiro jogo da decisão. O segundo jogo será no sábado no Grajaú Country. Sobre a inocência e o sonho dos meninos, cresce a cobiça por resultados que mata na raiz a essência do esporte.
— Se havia indícios e o Flamengo não foi checar, fica no ar que ninguém está preocupado com a criança e sim em vencer o campeonato — disse o pai de um dos atletas do Fluminense, que também lamenta a forma com que alguns profissionais do clube tratam a modalidade. Na semifinal, reservas eram chamados aos gritos, puxados pelo braço e tinham o colete retirado de forma abrupta antes de entrarem em campo. — Botam muita pressão. Tem gente que se preocupa com o emprego e esquece que deveria estar ali antes de tudo como educador.
Na Fla-Flu que decidiu o Sub-13 em favor do Fluminense, há dez dias, um profissional do tricolor dizia que estava sob ameaça porque “a diretoria mudou e a gente não ganhou nada no ano passado, o que não acontecia há 12 anos”. No fraldinha, foi a vez de o rubro-negro mostrar a outra face do apego:
— Até que enfim ganhamos desse time — explodiu aos palavrões o supervisor Paulo Roberto Melo, antes de traduzir suas emoções de forma publicável. — Estou há 45 anos nisso, não são 45 dias. Desabafei porque ainda não ganhamos nenhum título este ano.
Alheios à gravidade da disputa, com o ginásio às escuras, os meninos ainda jogavam com uma bola de plástico. Apesar do clima de festa infantil, a inocência e a essência do futebol brasileiro já estavam comprometidas. Qualquer que seja o julgamento, já é possível imaginar o que há debaixo da fraldinha.
Leia mais: http://extra.globo.com/esporte/flamengo/no-futsal-fla-flu-ate-nove-anos-termina-no-tapetao-5394110.html#ixzz1zmjh9jd7
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