quinta-feira, 28 de julho de 2011

Crônica de Eduardo Tironi - Camisa 12

Clubes devem formar cidadãos
Transcrevo abaixo, na íntegra, crônica de Eduardo Tironi, do diário "O Lance" do dia 27 de Julho. Nela, o jornalista discorre sobre um fato marcante no dia-à-dia esportivo nesta semana: A agressão do goleiro do Sport Club Recife ao atleta do Vasco da Gama, ocorrida no final da partida que ambos disputavam, pasmem: PELA COPA B.H. SUB 20!!!
Por isso, volto à me questionar:
Estamos formando corretamente esses jovens?
Vencer por vencer vale a pena?
Adversários são inimigos ou colegas de profissão?
O que é mais importante na base? formar atletas ou cidadãos?
De um grupo de 1.000 jovens, talvez, TALVEZ !!! 1 consiga espaço no futebol profissional. E os outros? O que os clubes fazem pelos outros em termos de educação, formação de caráter, cidadania?
Estamos no caminho certo?
Segue a crônica:
Uma voadora precisa no pescoço de um jogador da base do Vasco provocou reação uníssona em redes sociais, TVs, rádios, etc: punição severa para Gustavo, goleiro do Sport, responsável pelo ato covarde.
A puniçao veio: em vinte minutos a direção do clube de Pernambuco divulgou nota demitindo sumariamente o dublê de assassino. Pronto, a justiça foi feita!
Este espaço não pretende defender o indefensável ato muito menos seu autor, no mínimo um irresponsável. Mas diante de tal barbaridade, algo origatoriamente tem de entrar em discussão: o que os clubes estão fazendo em suas divisões de base?
Vivemos em um país com gravíssimas deficiências de educação, ainda que o país tenha crescido muito nos últimos anos. E educação é questão elementar para o sucesso de uma nação.
Em um cenário como este, clubes não deveriam apenas formar jogadores de futebol, mas ajudar na formação educacional destes moleques, cada vez mais preocupados com o tamanho do moicano e a conta bancária e menos com valores de cidadania.
Gustavo pode ter tido uma educação primorosa em casa e aprendido valores dos mais altos no Sport ou em outros clubes por onde passou.
Aí, estaremos diante de um caso de curto-circuito mental, que provocou seu ato selvagem.
Por outro lado, ele pode nunca ter sido orientado sobre regras da vida em sociedade e chegado ao jogo contra o Vasco acreditando que qualquer um que não seja Sport é inimigo. Deu no que deu.
Em nosso futebol, desde as primeiras categorias, ganhar passou a ter mais importância do que se desenvolver, brincar, se divertir (quando isso é o que crianças devem fazer). Cada vez mais cedo jovens atletas carregam o peso de garantir o sustento não só seu, como da família.
Há alguns anos os clubes usaram o argumento de sua função social (entre outros) para ter a Timemania, loteria que renegociou dívidas milionárias com o governo. Então, que eles ajudem não só na formação de jogadores, mas de cidadãos.

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